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PR: professora sofre mal súbito e morre após cobrança dentro de escola

Professora sofre mal súbito durante reunião e morre dentro de escola em Curitiba

Na tarde da última sexta-feira (30/5), o ambiente escolar do Colégio Estadual Jayme Canet, localizado no bairro Xaxim, em Curitiba (PR), foi palco de uma tragédia que chocou a comunidade educativa do Paraná. A professora de Língua Portuguesa Silvaneide Monteiro Andrade, de 56 anos, faleceu subitamente durante uma reunião pedagógica, após sofrer um mal súbito em pleno exercício de suas funções.

De acordo com a APP-Sindicato, Silvaneide havia sido convocada por volta do meio-dia para uma reunião com pedagogas, diretores e representantes do Núcleo Regional de Educação. O tema do encontro era o debate sobre metas da plataforma de redação, uma ferramenta de avaliação de desempenho que tem sido motivo de tensão entre muitos docentes da rede pública.

Durante a reunião, ocorrida na sala da equipe pedagógica, a professora desmaiou de forma abrupta. Testemunhas afirmam que tudo aconteceu em segundos e que não houve sinais prévios. A principal suspeita é de infarto fulminante, embora a causa oficial ainda não tenha sido confirmada.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado imediatamente. Apesar da rapidez no atendimento e das tentativas de reanimação, Silvaneide não resistiu e faleceu ainda dentro da unidade escolar.


Comoção, homenagens e um vazio difícil de preencher

A morte repentina da professora gerou comoção generalizada. Colegas de trabalho, funcionários da escola, pais e alunos manifestaram pesar e incredulidade diante da notícia. Muitos descrevem Silvaneide como uma profissional exemplar, comprometida com o ensino, empática com os alunos e sempre disposta a colaborar com a comunidade escolar.

Nas redes sociais, ex-alunos e amigos prestaram homenagens emocionadas. “Ela ensinava mais do que gramática. Ela nos mostrava o valor da educação e do respeito”, escreveu um ex-estudante. A repercussão nas redes expôs o carinho e a admiração que a educadora conquistou ao longo de sua trajetória.

O Colégio Estadual Jayme Canet decretou luto oficial e suspendeu as aulas por tempo indeterminado. O clima dentro da escola é de dor e consternação.


Sobrecarga invisível: o colapso da saúde entre educadores

A morte de Silvaneide reacende uma discussão urgente e muitas vezes negligenciada: a pressão insustentável que pesa sobre os ombros dos professores brasileiros. Além da já conhecida desvalorização profissional, muitos docentes enfrentam rotinas exaustivas, metas opressivas e constante cobrança por resultados — tudo isso em meio a condições precárias de trabalho e falta de apoio psicológico.

Em nota oficial, a APP-Sindicato foi categórica ao relacionar o caso com o desgaste físico e emocional vivido pelos profissionais da educação:

“É inadmissível que educadores sigam adoecendo e até perdendo a vida diante de tanta pressão. A morte da professora Silvaneide não pode ser tratada como algo natural. É um grito por mudança.”

Pesquisas recentes apontam que mais de 70% dos professores no Brasil relatam sintomas de esgotamento físico e mental. Ansiedade, depressão e síndromes relacionadas ao estresse ocupacional vêm crescendo de forma alarmante na categoria. Muitos, como Silvaneide, seguem trabalhando até o limite, muitas vezes silenciosamente, sem qualquer acompanhamento especializado.


O silêncio das autoridades e a urgência de transformação

Apesar da repercussão e da comoção pública, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido. Esse silêncio institucional agrava a sensação de abandono sentida por muitos educadores, que veem suas vidas sendo tratadas como peças substituíveis em um sistema cada vez mais impessoal.

A morte de Silvaneide não é um caso isolado — é sintoma de um modelo educacional adoecedor. O Brasil precisa, urgentemente, repensar sua relação com os profissionais da educação: oferecer suporte emocional, reduzir a sobrecarga, implementar políticas públicas que priorizem o bem-estar dos docentes e garantir que cada professor possa ensinar sem sacrificar sua saúde.

Silvaneide Monteiro Andrade dedicou a vida ao ensino. Ela não pode ser lembrada apenas pela tragédia que a tirou de cena, mas como o símbolo de um sistema que precisa de reformas urgentes. Seu legado deve ecoar como um chamado à ação: ninguém deveria morrer por ensinar.

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