Com graves problemas de saúde, atriz da Globo faleceu pobre e abandonada: ‘Ganhava bem, mas dava dinheiro para todo mundo’

Wilza Carla: A estrela da TV brasileira que morreu pobre e esquecida
A história de Wilza Carla é uma das mais emocionantes – e dolorosas – do entretenimento brasileiro. Dona de um talento único e presença marcante, ela brilhou nas décadas de 1950 a 1980 em peças, filmes, programas de auditório e novelas icônicas. Porém, mesmo após alcançar a fama nacional, a atriz enfrentou um fim de vida solitário, doente e sem recursos.
A origem de uma estrela: do teatro à televisão
Wilza Carla Pereira da Silva nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e desde jovem demonstrava paixão pelas artes. Ela começou sua carreira no teatro, participando de diversas montagens nos anos 1950. Pouco depois, entrou para o mundo das chanchadas, comédias populares no cinema nacional da época, e ganhou notoriedade.
Seu talento chamava atenção. Com uma presença cênica forte, voz marcante e facilidade para a comédia, Wilza logo foi convidada para atuar na televisão. Ao longo dos anos, fez parte de várias produções da TV Globo, entre elas, a novela Assim na Terra Como no Céu, onde teve uma atuação muito elogiada.
Dona Redonda: o papel que a eternizou
Em 1976, Wilza Carla viveu o momento mais marcante de sua carreira: deu vida à Dona Redonda na novela Saramandaia. A personagem, que comia compulsivamente e acabou explodindo na trama, tornou-se um dos ícones da teledramaturgia brasileira.
Com esse papel, Wilza conquistou o carinho definitivo do público e o respeito da crítica. Dona Redonda ultrapassou os limites da novela, sendo lembrada até hoje como símbolo de humor e crítica social.
Cinema, jurada de TV e o reconhecimento nacional
Paralelamente ao sucesso nas novelas, Wilza teve uma carreira de destaque no cinema nacional, atuando em mais de 40 filmes. Era uma figura constante nas comédias e produções populares da época.
Além disso, ela marcou presença em programas de auditório, como jurada no lendário Show de Calouros, comandado por Silvio Santos. Sempre bem-humorada e espirituosa, tornou-se querida pelos telespectadores.
Durante muitos anos, viveu o auge da fama. Ganhava bem, tinha uma vida confortável e era rodeada por colegas e amigos do meio artístico.
Doença, esquecimento e abandono
Mas a partir dos anos 1990, a vida de Wilza Carla tomou um rumo trágico. Em 1994, ela sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). O episódio marcou o início de um período de sofrimento físico e emocional.
A atriz também enfrentou diabetes, obesidade severa e o avanço do Mal de Alzheimer. Com o tempo, passou a viver acamada, necessitando de cuidados constantes.
Em entrevistas concedidas já debilitada, Wilza lamentava a falta de visitas dos amigos e a solidão. “Eu ganhava bem, mas dava dinheiro para todo mundo”, disse, num desabafo que revelou sua frustração com o abandono.
A despedida de uma grande artista
Wilza Carla morreu em 18 de junho de 2011, aos 75 anos, em São Paulo. Nos seus últimos dias, estava ao lado da filha, Paola Faenza Bezerra da Silva, que foi seu principal apoio até o fim.
A morte de Wilza deixou um vazio na memória da televisão brasileira. Sua trajetória é um retrato comovente de como o brilho dos palcos pode ser ofuscado pela ausência de amparo, reconhecimento e cuidado nos bastidores da vida real.
Ela foi, sem dúvida, uma das maiores atrizes da história do Brasil, e merece ser lembrada não apenas por seus personagens, mas pela mulher generosa e humana que foi.